Feliz aquele que se recorda com prazer dos seus antepassados; que conversa com estranhos sobre eles, suas acções e sua grandeza e que sente uma satisfação secreta por se ver como o último elo de uma bela corrente. (Johann Wolfgang von Goethe) Linhagem Barreto Chichorro
Barreto
Sobrenome português, de origem geográfica. Há quem considere ter sido tirado de uma propriedade localizada na Barra do Rio Lima, em Viana do Castelo, que sendo soterrado pelas areias do mar, se disse corrupto. E da junção de BARRa E corrupTO veio o seu nome. Esse Solar seria dado por D. Afonso III a Pedro Pires Velho, do século XII, descendente de D. Arnaldo de Baião, guerreiro estrangeiro que se distinguiu na guerra da Reconquista Cristã. Para além da linha principal, também a dita por Barretos Velhos, que dela deriva, é realçada nos nobiliários. Pertence a uma das mais antigas famílias nobres de Portugal, ocupando cargos de prestígio na nossa História. Na sua diáspora pelo Brasil, distinguiram-se também nas sociedades de vários estados brasileiros, inclusivamente dando o nome a uma autarquia, no Estado de São Paulo. Usam as armas que tomaram os descendentes de Martim Fernandes Barreto e que vêm dos Chacim, donde provinha a sua esposa, Maria Rodrigues de Chacim: um escudo de prata pleno semeado de arminhos, tendo por timbre uma meia donzela vestida de arminhos, de cabelos soltos de ouro e sem braços. Em Góis, tem-se conhecimento do primeiro Barreto na pessoa de Pedro Rodrigues Barreto,suposto ter nascido em Cimo de Alvém, Góis, aqui falecido em 1640, e que foi o patriarca de uma das famílias com mais poder político local nos séculos XVII a XIX. Terá mandado construir o edifício da Câmara Municipal, com o seus tectos pintados, actualmente considerados monumento nacional, e o seu nome seria dado à rua que o ladeia.
Chichorro
Sobrenome português, com origem em Martim Afonso, "O Chichorro", filho bastardo de D. Afonso III e de uma mourisca, Madragana de seu nome, filha de Baqr ibn Yahya, de família aristocrata, então alcaide de Faro. O rei e o alcaide andavam em contenda pela posse de Faro, nos finais da Reconquista Cristã. Uma daquelas lendas sobre mouras, transmitidas oralmente de geração em geração, e que deliciam a nossa História, conta-nos que a filha do alcaide tomou a iniciativa de se encontrar, sem conhecimento do pai, com o mordomo de D. Afonso III, João Peres de Aboim, propondo as pazes, sem mais derrame de sangue, apresentando-se ao fidalgo com um ramo de flores. Encurtando o caminho à lenda, o rei e o mouro fizeram as pazes, pai e filha converteram-se, tendo o rei sido seus padrinhos de baptismo, o pai tomando o nome Aldroando Gil e a filha Mor Gil ou Mor Afonso, pelo nome do padrinho, e as flores foram plantadas com o nome de aloendro, em honra da filha, flores que ainda podemos apreciar, brancas ou rosas, por terras algarvias. E, claro, Madragana, ou já Mor Afonso, tornou-se amante do rei. De quem teve dois filhos, o primeiro seria Martim Afonso, nascido em 1250 (Faro seria oficialmente conquistado em 1249), quem o pai tratava de catulus (em latim), por ser de pequena estatura. Mas, acrescentamos nós, tal vocábulo também tem o sentido de astuto. De alcunha ou cognome, Chichorro passou a apelido, e assim já o menciona o rei D. Afonso IV em documento oficial. No entanto, muitas vezes foi ignorado pela sua origem ou significado, sobretudo preterido nas crónicas face ao poderoso Sousa que perdura nos vários ramos da descendência. Contudo alguns deles mantiveram o Chichorro, mesmo se por vezes não conhecidos como tal, até aos nossos dias. De acto, Martim Afonso Chichorro, casando com Inês Lourenço de Sousa, seria tronco da família Sousa Chichorro, Sosarum Catulorum, a mais poderosa família nobre no Portugal medieval. Ao longo dos séculos, tem-se conhecimento que Chichorro se cruzou algumas vezes com Barreto, mas sem permanência da união dos sobrenomes. Seria em Góis, em 1814, que ela criaria raízes, fortalecendo-se até aos dias de hoje, por sete gerações. É suposto que Maria Cândida Chichorro, de origens alentejanas, terá sido o primeiro Chichorro a viver em Góis, na Quinta da Capela, do seu marido Fernando Barreto. Dizia uma sua bisneta, do que ouvira contar a sua avó, que em Góis fora sempre falado o enorme aparato da sua chegada à vila, com uma comitiva de muitos animais de carga com o seu enxoval e a sua sempre elevada postura. A propósito dessa mesma postura contava ainda, que estando as mulas carregadas com o caixão para o funeral (da Quinta para a Capela de S. José, na Igreja Matriz) as mesmas se recusavam a andar e alguém então comentaria Arre! D. Maria Cândida nem depois de morta anda de mula, fazendo assim bem notar como era vista socialmente pelas gentes de Góis. Grande parte dos elementos foram retirados do estudo e investigações sobre a família Chichorro, de Rui Miguel Cabral da Silva Correia, a quem se agradece a amável colaboração. Para alterações ou aditamentos a esta exposição, contactar [email protected] (Clicar sobre as fotos) |